quinta-feira, 27 de setembro de 2012

futebol metafísico


Ao flamenguista nada se diz além do que ele próprio, subservientemente às coisas que o mantém em um imagem-em-si, já se autoproclama diante das coisas verdadeiras e falsas (como se fossem as mesmas coisas). Porém, se fosse possível um retorno ao início da temporada e, encostados no balcão da padaria ao pedir uma média, alguém dissesse de maneira incisiva – a mesma maneira que se usa para adiar batalhas inadiáveis – a um sujeito desses que o Ronaldinho sairia brigado do Flamengo acusado de chinelinho, que assinaria imediatamente com um de seus maiores rivais, porém não pertencente à mesma região, que quando se reencontrariam pelo que o destino da honra predispôs, o Flamengo arregraria e faria uma jogada burocrática para anular o jogo, afinal, Luxemburgo cairia e Dorival Jr. teria acabado de assumir e quem, más adelante, correndo sério risco de se emburacar no campeonato de vez, jogariam no mesmo estádio doravante considerado impróprio para a partida e venceriam o jogo, como o estádio latado, por vingança, desfaçatez e medo – o mesmo medo de quem porta tantas entidades de um submundo podre e indigno por via de uma face vaidosa e prepotente. Ele provavelmente daria as costas a quem, por via dos fatos, acabara de lhe contar o futuro. Os absurdos se subpõe ao brado descaralhante desta máquina da vida. Porém o sujeito não permaneceria satisfeito ao se ver sozinho no balcão, instante após descer a última gota do café e do leite, solicitou generosamente à atendente um bom corte de queijo, uma faca e um trago de pinga como quem sem palavras dissesse: esperamos em Minas a abertura dessas almas, o desvelamento dessa carapuça – rubra por sede de sangue e negra por luto às coisas do mundo – para que não haja mais esse tipo de sentimento ao se chutar uma bola se futebol: todo o passado é parte do que acontece agora.