Na literatura, Buenos Aires habitualmente é um idílico porto onde aventureiros latino-americanos parecem encontrar sua meca. A argentina é muito mais referência para o restante da América do Sul que o próprio Brasil, cuja unicidade como nação é uma mentira militar. A Argentina é Buenos Aires. São Paulo não é o Brasil.
O Boca é o time sul-americano mais temido, provavelmente todos concordam com isso. Não lembramos de Flamengo, Corinthians, River Plate ou até mesmo o Estudiantes quando o que vem a cabeça é a Libertadores. Todos são vitoriosos, times que colecionam títulos – ou para o nosso fervor caudilhista, times que os europeus reconhecem – mas porque o Boca é diferente? Por que todos comentam da Bambonera como maior que o Maracanã? Por que todos dizem que a 12 é um motor?
Certa vez eu estava em Valparaíso e fiquei abismado a ver muita gente reunida em um bar para ver o Boca ser campeão do Apertura 2011, com Riquelme entrando no segundo tempo para delírio dos povos argentino e chileno. Perguntei se eles sempre viam o campeonato argentino e eles disseram que sim, é o melhor. Passa na tv aberta. E o Brasileirão? Apenas os gols, um deles me respondeu. Me perguntaram sobre Neymar e eu disse que será um dos maiores do mundo mas eles estavam mesmo envolvidos com o sucesso da La U, que jogaria naquelas semanas a final da Sul Americana, para desespero de torcedores do Colo Colo e Universidad Católica.
Eles preferem ver o Boca jogar. E eu também. O medo vem daí.