quinta-feira, 26 de abril de 2012

Goleiro bom é goleiro mudo!




Fica atrás de todo mundo. Tarda e geralmente não chega à fama. É mais notado quando erra, do que quando acerta. É o único -- dentro da seu ciclo -- a usar as mãos e os pés.


Não, eu não to falando dos bateristas. Eu to falando dos aniversariantes de hoje, Os Arqueiros. Que ao contrário dos homens da baqueta, não colocam sua obra em risco pelo tamanho excessivo da língua. Né Ceni?



quarta-feira, 25 de abril de 2012

uma triste semana para os cristãos


Coletando opiniões sobre a vitória do Bayern, percebe-se que quem caiu não foi um time de futebol, e sim um plano de ficção. Financiado pelo Banco Mundial, o FMI e pelo BNDES, O RMDA não é um time. O futebol, como competição esportiva, está fadado ao desastre, ao improvável, aos delírios do acaso – tudo o que nunca acontece no Playstation nem em uma crise econômica, de valores --- ou naquele abismo de realidade entre o gel de cabelo e os calos dos pés. Como diria o Souza, lembrou-me um pós-doutor da filosofia de bar: “futebol é para homens, e não para menininhas” (um comentário totalmente desprovido de homofobia, perceba as nuanças semióticas). Outro, por e-mail diretamente da zona portuária do Rio de Janeiro, aplicou: “Kaká e CR7 perdendo penalti, demais. Prova que a força do Senhor não é de nada: o que move montanhas é o desejo de não ouvir Michel Teló..." A Champions só serve pra ganhar dinheiro. E já há tempos, talvez desde a época das Grandes Navegações, que Madrid desaprendeu a técnica do porquinho (e uma sorte: não ter concedido independência à Catalunha).

Boa crise, Espanha!
ops, foto errada

PS.: Obrigado, Robben, pelos verdes campos de Amsterdã ou nos confins da Alemanha, desde a Copa de 2010, honrando o futebol.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Festa na fazenda!

Dá licença aqui, mas pra mim um lugar que foi berço de Carlos Gomes e Inesita Barroso desperta muito mais atenção do que aquela antiga capital,  cujo o principal teatro leva o nome da mãe da Bethânia. Foda-se que eles tenham servidores públicos medalhões da poesia e, portanto, mais conchavo pra conseguir que um edital financie um doc do Baêa. Ninguém aqui é Bobô e tá todo mundo Careca de saber que não há derbi que resista ao fato da Ivete torcer pra um dos dois times.

Informativo distribuído nos anos 1970, em Campinas
Só perdendo em primaveras pro clássico vovô, Ponte e Guarani é um embate igualmente dialético. Por uma simples razão: são torcidas que escolheram seus times e não o fizeram com a inércia de quem vê o domingão do Faustão. A Ponte, por exemplo, é mais antiga que qualquer time da capital paulista, de um tempo onde torcer por um time era uma escolha tão livre, quanto gostar ou não de frescobol.

De lá pra cá, muita água passou  por debaixo da – não, dessa vez não vou fazer trocadilho – ponte. Os times da capital ganharam tudo, o Guarani surgiu e conseguiu mais glória que a macaca. Mas em Campinas – agora é com vocês, o trocadilho – o buraco é mais embaixo. Como disse a coisa lá é dialética. Com duzentos mil favelados e duzentos mil abastados a última coisa que define o clube de um campineiro são as glórias. Quem as quiser, que vá procurar em SP.

Claro que há muita gente com dois times lá na Princesinha do Oeste, muitos simpatizantes (mas até aí nada difere do Cruzeiro, do São Paulo e do Fluminense), mas há quem realmente torça – só – por Ponte e Guarani.

Imagine, imaginário leitor, o que sentirão estes no próximo sábado. Quando justo no centenário do Derbi, as duas equipas disputarão uma vaga na final no TUCANÃO 2012. É, não dá pra imaginar. Principalmente se você acha que clássico é aquela coisa narrada pelo Luiz Roberto ou Cléber Machado.

Sempre que ia pra Campinas, achava a cidade meio parecida com as metrópoles do Neorealismo do Oriente Médio (infinitos interioranos, condomínios de mau gosto e animais na pista). Imaginava um roteiro e achava que o final deveria envolver um derbi local, excepcionalmente importante.

“Nunca um Ponte e Guarani valerá alguma coisa”, eu me dizia. Esquecendo-me que o futebol é feito da matéria que constituem os sonhos; o desejo pecuniário de alguns e obsessão elíptica de outros tantos.

domingo, 22 de abril de 2012

foda-se o penalti

A bela imagem do Léo Moura acompanhando as últimas batidas do coração de um urubu em frangalhos comove. A FOX Sports [torcemos juntos] realmente merece glórias pelas piores transmissões esportivas desde que Téo José gritava sozinho nos emocionantíssimos circuitos ovais da Indy. Coisa de TV. Quem deve ter ficado feliz com a cena foi o assessor de imprensa do Léo, feito que o menino está tão bem treinado para declarações à torcida que é capaz de rapidamente passar pelas duas esferas da dramaturgia sem hesitação: da comédia à tragédia. Ao vivo, em rede nacional, ao mesmo tempo em que o fato acontece. Que diriam Aristófenes, Ésquilo ou Eurípedes ao verem isso.

Treinar para a imprensa deve ser suado. É possível imaginar o jornalista passando três noites inteiras para que o infeliz conseguisse reproduzir sem gaguejar “vamos fazer o que o professor pediu com respeito ao adversário, que é competente e hoje em dia a gente sabe que não tem mais bobo”. O momento após o jogo, depois de [alguns] exauridos, é a hora de fazer o cartaz, e aí entra tudo o que é mais importante hoje em dia para um jogador de futebol: a sua relação com os contratos.

Não existe comprovação se isso ajuda a garantir a cocaína até o fim do mês. Faz mais sentido se jogar para simular uma falta, fingir que se importa com a camisa, fingir que é um homem honrado nas regras do chauvinismo masculino. "Fingir", "atuar" ou "mentir" podem ser "entrevistar". Coisas ridículas, como a entrevista do Ryck no Fantástico para dizer que era homem e gostava de xoxota ou do Fofômeno dizendo que errou ao contratar uma suruba com travestis são momentos ainda mais contundentes dessa exposição absolutamente desnecessária e prejudicial. No entanto, voltando a se concentrar no fim das partidas, é feliz quando às vezes nos deparamos com alguma espontaneidade, necessária como um milagre. Casos como o de Romário e a corte, Gil e a rádio católica e Pet entoando um foda-se o penalti no PFC fazem do assessor do imprensa um incompetente, o jornalismo um ato mal ensaiado e o espectador um espectador. Papai dizia que a pior coisa é mentir para ganhar dinheiro, eu digo que a pior coisa é trabalhar para informar um país social-democrata. A gente entende, mandar se foder é essencial.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Canelada, Mon Amour

No pantaleão brasileiro a entidade suprema é Tupã. Chapuã deus da peste. Elebá deus do mal. Ôko deus dos vegetais. Umu deus dos mortos. E Dada deus do Bosque.

Sede, fome, Gomorra!

Na primavera de 1080 Nicolau de Cusa (Província no sul da Alemanha perto de Trier, woher es kam ein Junge Lars Von) estuprou uma escrava descendente de Genghis Khan, nascendo assim Davi. De Davi veio Diaquí. De Diaqui, dom Fernandes. De dom Fernades, Elias. De Elias, Muller. De Muller, Friderirch. De Frideirch veio Zezinho da perna torta. De Zezinho da perna torta, veio Ademilson, Noel e Aristides. De Aristides, ela, a “besta Oxigenada”, Sônia Silk.

Tudo isso, pra dizer, que noves fora a verborragia desses três blogueiros que teclam pior do que batem um lateral – sacanagem, eu sei bater lateral e eles não são verborrágicos –, querido leitor, não se esqueça que no futebol a um único mantra: A Bola Pune.
Há também outro que diz que não há antidoping pra comentarista. Mas esse é bom falar baixo. Ninguém quer matar o CASÃO de fissura.

João Martins, com auxílio de Rogério Sganzerla.