domingo, 22 de abril de 2012

foda-se o penalti

A bela imagem do Léo Moura acompanhando as últimas batidas do coração de um urubu em frangalhos comove. A FOX Sports [torcemos juntos] realmente merece glórias pelas piores transmissões esportivas desde que Téo José gritava sozinho nos emocionantíssimos circuitos ovais da Indy. Coisa de TV. Quem deve ter ficado feliz com a cena foi o assessor de imprensa do Léo, feito que o menino está tão bem treinado para declarações à torcida que é capaz de rapidamente passar pelas duas esferas da dramaturgia sem hesitação: da comédia à tragédia. Ao vivo, em rede nacional, ao mesmo tempo em que o fato acontece. Que diriam Aristófenes, Ésquilo ou Eurípedes ao verem isso.

Treinar para a imprensa deve ser suado. É possível imaginar o jornalista passando três noites inteiras para que o infeliz conseguisse reproduzir sem gaguejar “vamos fazer o que o professor pediu com respeito ao adversário, que é competente e hoje em dia a gente sabe que não tem mais bobo”. O momento após o jogo, depois de [alguns] exauridos, é a hora de fazer o cartaz, e aí entra tudo o que é mais importante hoje em dia para um jogador de futebol: a sua relação com os contratos.

Não existe comprovação se isso ajuda a garantir a cocaína até o fim do mês. Faz mais sentido se jogar para simular uma falta, fingir que se importa com a camisa, fingir que é um homem honrado nas regras do chauvinismo masculino. "Fingir", "atuar" ou "mentir" podem ser "entrevistar". Coisas ridículas, como a entrevista do Ryck no Fantástico para dizer que era homem e gostava de xoxota ou do Fofômeno dizendo que errou ao contratar uma suruba com travestis são momentos ainda mais contundentes dessa exposição absolutamente desnecessária e prejudicial. No entanto, voltando a se concentrar no fim das partidas, é feliz quando às vezes nos deparamos com alguma espontaneidade, necessária como um milagre. Casos como o de Romário e a corte, Gil e a rádio católica e Pet entoando um foda-se o penalti no PFC fazem do assessor do imprensa um incompetente, o jornalismo um ato mal ensaiado e o espectador um espectador. Papai dizia que a pior coisa é mentir para ganhar dinheiro, eu digo que a pior coisa é trabalhar para informar um país social-democrata. A gente entende, mandar se foder é essencial.

Nenhum comentário:

Postar um comentário