quarta-feira, 2 de maio de 2012

Tão verdes as riquezas de Minas


Placa na entrada do estádio Emílio Ibrahim, em Mariana.

Ao passar a mão por Mariana, no interior de Minas Gerais, é impossível disfarçar uma ereção de felicidade que toma conta do seu espírito. Mariana, oficializado por alcunhar pelo menos 80% das patricinhas; um nome tão comum e banalizado, pode te surpreender. As patricinhas excitam os olhos, isso sim um fato inusitado. A surpresa tem cor, como são as lentes das patys de olhos indígenas: verde.

Lá vive um Guarany. A sede, numa das principais ruas da cidade histórica, guarda um charme ornado pela paz de um lugar comum, exceto o casarão com um belo escudo do Guarany Futebol Clube e a notória data de fundação: 1925. Próximo ao campus da UFOP, onde estão abrigadas a maioria das faculdades de humanas, está o campo muito bem-cuidado a serviço do time da cidade. Um tapete verde como verde é tudo o que governa o Guarany de Mariana. Um clube muitíssimo bem-tratado.

Subindo pelo campus, alguns estudantes montavam o slackline enquanto fumavam maconha no friozinho da serra. O verde, tal o Guarany, parece ser uma unanimidade no Instituto de Ciências Sociais e Aplicadas da UFOP, visto as pixações de ‘4:20’, ‘cannabis freedom’ e, lógico, ‘Guarany sempre’. Longe da polícia e dos guardinhas de faculdade, não parecia haver a ciência das forças de repressão por aqueles descampados. Uma sensação de inocência.

Mais tarde, um time verde eliminava um time azul com duas vitórias na série de dois jogos das semifinais do Mineiro: 3x2 e 1x2, o gol da certeza, aos 47 do segundo tempo, fez surgir gritos de ‘galo’ pela pracinha da cidade, que naquele dia, estava ocupada por palhaços e músicos em uma caravana circense patrocinada pela Funarte. A atração principal era o aniversário do Dedé Santana  (!).

Com o cair da tarde, a neblina densa desce e ocupa toda a serra. Já em Ouro Preto, a sensação de que o Guarany representava um clube de futebol como nos velhos tempos parece mesmo uma constatação factual. Não há site oficial. Não há, pelo menos na primeira página do Google, informações sobre a situação atual do time. Que andam fazendo por aquela sede, por aquele belo campo de futebol? Uma outra curiosidade: o escudo é idêntico ao finalista do Paulistão, fundado em 1911, porém a data de nascimento dos clubes é tão próxima que me deixou a dúvida 'quem copiou quem?' Eu me recordo de haver Guarani disputando a primeira divisão do Campeonato Mineiro até recentemente, mas infelizmente, não era o mariano.

Não há dúvidas que Mariana é excelente para foder. Friozinho, cachaça e queijos, que Mari resistiria? E, acima de todas as Marianas que deitaram em nossos leitos, feito uma esmeralda talhada por um bom artesão: que o campeão seja o verde do América, dentro do Independência. (Por tal sapiência, ao dizer, o frio da serra também arrancava fumaça da minha boca -- e por permissão concedida, ferreava meus olhos até deixá-los bem vermelhos.)

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